Vozes do Cerrado: Conexões Ecopsicológicas
Durante o mês de setembro de 2024, realizamos um ciclo de lives dedicado ao Cerrado. Nós, integrantes do CEI, moramos todas em Brasília, ou seja, esse é o bioma que vivemos. Consideramos fundamental honrá-lo, promovendo ensinamentos, conscientização, encantamento e preservação. Em homenagem ao Dia Nacional do Cerrado, celebrado em 11 de setembro, organizamos uma série de quatro lives intitulada Vozes do Cerrado – Conexões Ecopsicológicas. Durante a produção desse projeto, o Cerrado, assim como outros biomas, foi atingido por incêndios criminosos, o que tornou nosso trabalho ainda mais urgente. Foram dias difíceis, marcados por seca e calor intensos, além de muita fumaça, fuligem e um ar insalubre. Nossa Floresta Nacional e Parques Nacionais foram devastados pelo fogo, assim como outras regiões de grande afeto, como o Paraíso na Terra. Choramos e nos revoltamos, mas também nos consolamos e usamos nossa dor de forma honrada, perseverando na luta por justiça climática e pelos seres mais que humanos. As pessoas que estiveram conosco compartilharam suas dores, mas também sua esperança. Essas lives não foram apenas aulas, mas conversas profundas e extremamente inspiradoras.
Nossa primeira convidada foi Fabiana Mongeli Peneireiro, com o tema Bem Viver no Cerrado. Fabiana é membro da ONG Mutirão Agroflorestal desde sua fundação, em 2003, e trabalha com agroecologia e agrofloresta há 30 anos. Ela é agricultora da CSA Aldeia do Altiplano, no Distrito Federal, agrônoma com mestrado em Ciências Florestais e doutorado em Educação. Vive no Cerrado e atua na recuperação de áreas degradadas, na produção de alimentos saudáveis e na reconciliação entre ser humano e natureza. Essa live foi um momento muito importante para refletirmos sobre as conexões entre mulheres e a terra, nutrição e outras formas de cultivo. Foi inspirador conhecer o trabalho dessa mulher incrível.
A segunda live contou com Danilo Caeiro, que abordou o tema Ecoturismo no Cerrado. Danilo é guia local na Chapada dos Veadeiros, certificado em primeiros socorros em áreas remotas, fotógrafo e se define como apaixonado pelo Cerrado. Está em formação como ecotuner e é aventureiro nas horas vagas. Esta live foi essencial para discutirmos como o ecoturismo pode reencantar as pessoas com um bioma que muitas vezes foi considerado feio ou sem graça (o que achamos um absurdo, pois o Cerrado é incrível). Conversamos sobre o poder do ecoturismo em despertar um novo olhar de afeto e transformar a relação entre humanos e não humanos.
A terceira live trouxe uma dupla incrível para falar sobre Como as mudanças climáticas afetam a vida – Cerrado como berço das águas do Brasil. Quêzia, engenheira florestal e mestranda em Recursos Naturais do Cerrado, é voluntária no núcleo de advocacy da ONG A Vida no Cerrado. Natural do Nordeste Goiano, é uma grande admiradora da beleza e biodiversidade do bioma. Ao seu lado, Sarah Borges, estudante de Química na Universidade Federal de Goiás, é apaixonada por química ambiental e educação ambiental, atuando em pesquisas e estágios na área de tratamento de águas e efluentes. Ela já estagiou na EMBRAPA e na SANEAGO. Esta live destacou a importância da política e da militância na luta ambiental, além de fornecer uma didática excelente para compreendermos o papel crucial do Cerrado para toda a América do Sul.
Por fim, tivemos a participação de Muna Ahmad Yousef, goiana, filha de Ibrahim Ahmad Yousef Hamadeh, palestino, e de Francilia Vasconcelos Yousef, brasileira. Muna é formada em Arte Educação pela Fundação Brasileira de Teatro, além de poeta, ativista ambiental e cultural. Ela trabalhou por 18 anos com educação ambiental na Estação Ecológica de Águas Emendadas e, atualmente, é Secretária de Cultura da Academia Planaltinense de Artes e Ciências.Também integra o Coletivo Águas Emendadas e o Fórum de Defesa das Águas do DF. Durante a live, conversamos sobre a importância do Ecoletramento, um processo de educação ambiental mais sensível e contínuo, além dos desafios que ela enfrentou durante seu período de trabalho nas Águas Emendadas.
Concluímos que o projeto Vozes do Cerrado – Conexões Ecopsicológicas foi uma experiência incrível, que nos proporcionou trocas com especialistas que trouxeram não apenas o conhecimento científico sobre o Cerrado, mas também suas vivências e experiências. A sensibilidade de suas ações transcende a profissão, revelando um modo de ser e estar no mundo com maior consciência ecológica, ativismo, ação social e respeito aos seres não humanos. Esse projeto nos inspirou a criar o Conexões Ecopsicológicas – Biomas do Brasil, que seguirá uma ideia semelhante, agora promovendo trocas com pessoas representantes de cada bioma do Brasil, buscando desenvolver uma teia de relações e pensar em redes interconectadas.
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